Eu admirando a cidade!!!
Essa é a segunda igreja mais rica do Brasil!!!
Essa cidade é poética e influenciou e presenciou fatos muitos importantes da nossa história podemos sentir sua energia.
Bom estou lendo um livro de entrevistas do meu poeta favorito Vinicius de Moraes e bem ontem na entrevista ele conta um pouco sobre o encanto de Ouro Preto e que esta deveria ser patrimonio cultural. Bom os desejos de Vinicius foram atendidos.
Hoje procurando em sua página na web, pra quem não conhece é www.viniciusdemoraes.com.br, pude encontrar seu texto sobre a cidade. Segue pra voces se deliciarem.
Beijos a todos que visitam meu blog
Má
" Ouro Preto de hoje, Ouro Preto de sempre
Estamos em outros tempos, mais amenos. Agosto de 1938: justo um ano antes da Guerra. O ar é tão frio que forma estalactites nas paredes do pulmão e tão fino que um piparote pode fragmentá-lo como ao cristal mais puro. Três amigos sobem a rua São José, que a municipalidade de Ouro Preto chama Tiradentes. Sua missão é a um tempo digna e divertida: debulhar os arquivos da Igreja de São Francisco de Assis, à cata de recibos comprovantes de umas tantas obras atribuídas a Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho. Mas não nessa noite, paralisada num lugar alto e lúcido. Não nessa noite estimulada pelo frio da serra em torno. Não nesa noite povoada de meninas transeuntes e sons de serenatas longínquas. Nessa noite, tudo o que os três amigos querem é beber umas cachaças e confraternizar com uns cachaceiros. Vão à vida, no vigor de menos 15 anos, boêmios mas sem traição no coração para com as amadas distantes. São eles o escritor Rodrigo M.F. de Andrade, o arquiteto José Reis e um poeta com o meu nome, que ainda não praticava a arte da prosa.Nossos passos batem sonoros no peito liso dos "pés-de-moleque" do calçamento, os seixos rolados provavelmente subtraídos ao velho Ribeirão, e acordam à passagem fulgurações contidas no olhar das menininhas. Nossa pinta geral denuncia procedência carioca, embora Rodrigo, seja mineiro de quatro costados. Há um brotinho de uns 13 anos, a coisa mais meiga que estes olhos jamais viram, que cada vez que cruzamos, meneia as pesadas tranças pretas e abre a biquinha de mel dos olhos para mim. A uma curva da rua perdemos José Reis no visgo de uns outros olhos mais maduros, mas não menos lindos. Rodrigo ri a sua inaudível risada adunca e me anuncia com a ligeira dispnéia que parece tomá-lo sempre que diz algo de fundamental.– Querido... que coisa esplêndida!Eu olho o casario a céu aberto, a Casa dos Contos, a ponte que mira longe, as fachadas das casas da mesma rua lá adiante na curva fechada que ela faz... – tudo tão calmo, tão adormecido de luar, apesar do vaivém das menininhas, na verdade mais vem do que vai...E aí está ela de novo, olha que gracinha, as tranças pretas pousadas sobre os ombros infantis, a me pedir que fale com ela, mas ela é tão criança! escuta meu anjo, posso conversar só um tiquinho com você, posso, como é seu nome?– Marília? Não é possível!Vou consultar Rodrigo. Assim é de deixar o sujeito sem graça. Parece coisa preparada, mau teatro...Há acordes de violão lá para os lados da rua Direita. Pedimos aos seresteiros que nos toquem Saudades de Ouro Preto. La-la lariii... la-la-riii. La-ri... la-la-la-la-rii... la-la-ri-rão...Marília olha grave, extremamente consciente do seu papel de primeira anfitriã e namorada do rapaz do Rio. Mais tarde, partidos os seresteiros, Marília dá-me a mão e deixa-a assim pousada por um momento no adeus breve. Ela entreabre o biquinho para me pipilar boanoite e seu papinho bate um pouco mais agitado: – Boa noite, Marília...*O encontro com os boêmios dá-se no Hotel Toffolo, para a ceia de despedida. Terminado é o trabalho de pesquisa. Tardes laboriosas, a verificar papel por papel nas imensas gavetas das enormes cômodas de jacarandá da sacristia de São Francisco. Também, não haverá mais dúvida sobre a identidade de uns poucos trabalhos do grande escultor, feitos na mais linda das igrejas mineiras – e eu vos peço perdão, ó igrejinha de Nossa Senhora do Ó, de Sabará.Formou-se uma amizade entre o grupo do Rio e a turma local. O mineiro Rodrigo, a cavaleiro da investidura de chefe do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sente-se bem nessa confusão de Rio e Minas. Zé Badu, figura insigne de violeiro, cantador e contador de velórios (..."e aí então, pelas quatro da madrugada, quando o defunto tava já frio e as garrafas bem vazias, nós trunfemo a viúva") é nossa companhia mais constante. Com ele aprendemos a traçar pinga com cerveja ("... a gente nem sente, uma vai escorregando na outra, sabe como é..."). Vez por outra, ele faz uma piada com o Rio para cutucar este carioca. Este carioca retruca, mas é tudo à base da camaradagem espontânea e sincera. Há bons antecedentes para essa amizade: a famosa peregrinação feita por Afonso Arinos de Mello Franco (o sobrinho, historiador e atual deputado) e o "poesculápio" Pedro Nava, hoje profissional da maior austeridade, de que resultou o delicioso Roteiro lírico de Ouro Preto, escrito pelo primeiro com ilustrações do segundo.Nos fundos do Café, uma impressionante mesa nos aguarda, coberta de coisas pantagruélícas. Há um enorme leitão, na meditativa atitude dos leitões assados. Há incontáveis garrafas. Há os então jovens Carlos Flexa Ribeiro e Wladimir Alves de Sousa, recém-chegados e aderentes. Há o violão de Zé Badu, e o cantador não desgruda dele, misturando acordes com garrafadas e canções. O ambiente é da maior "altitude". Dentro em breve, temperado o pinho, Zé Badu me anuncia que vai tirar uma quadrinha para mim. E tira mesmo. Mexendo comigo por eu ser carioca.Eu nunca havia participado de um desafio, mas a "pressão" e a quantidade de comensais expectantes me estimulou. Saquei uma quadrinha de volta, bolindo com Minas. A turma começou a animar, nos espicaçando. E assim fomos, entre quadrinhas e goladas, num crescendo de ofensas que, de regionais, passaram a familiais. A mãe comercial de todos serviu profundamente de rima ao país natal. Talvez por um pouquinho mais sóbrio, eu comecei a levar a melhor sobre Zé Badu: e ele que me perdoe dizer isso, pois não há de minha parte a menor veleidade de me comparar a ele na arte do improviso. Foi questão de hora. O que eu sei é que ele no final embatucou, e eu ainda descarreguei-lhe em cima umas três quadrinhas em seguida, como golpe de misericórdia – o coitado sem se poder libertar do nó poético em que se embaraçara.Aí ele parou de tocar e abaixou a cabeça, evidentemente ferido. Depois nos olhou, a Rodrigo e a mim, por um momento, como a considerar algo da maior importância. Feito o que, sacou de um revólver e descarregou toda a sua carga para o ar, sacudindo o braço em tiros de raiva. Pânico não houve. Mas a festa teminou ali.Na rua, já acalmado, Zé Badu me explicou que só não me atirara em cima porque eu era do peito.*Agora te revejo, Ouro Preto, 15 anos e dez quilos depois. Não mudaste. De novo, tens o hotel que te legou Oscar Niemeyer, bem integrado na paisagem colonial, em suas cores de azul, branco e chocolate – musical em sua rampa fugada e seus pilotis a repetir a mesma nota na pauta arquitetônica. Impuseram-te umas poucas construções velhacas no estilo chamado neocolonial.Um horror. Mas lá está a tua Igreja de São Francisco, risco do Aleijadinho, com os dois lindos medalhões no frontão da porta principal, obra também do genial mulato e no interior o adorável painel do teto de Manuel da Costa Ataíde, em seus delicados azuis e rosas que acabam por deixar um torcicolo no visitante. Isso que Carlos Drummond de Andrade chamou, numa maravilhosa articulação poética de vogais, "a rósea nave triunfal"."Uma cidade que não mudou", disse dela o poeta Manuel Bandeira, que não contente de estudar-lhe a história, na narrativa que abre seu mais soboroso livro de prosa, as Crônicas da província do Brasil, dedicou-lhe todo um precioso guia (hoje um "item" de bibliófilo com excelente versão francesa de Michel Simon).Bom te passear, Ouro Preto. Bom te usufruir, como o fizeram Afonso Arinos e Pedro Nava, à base da disponibilidade, recolhendo a secreta poesia que se desprende do teu desenho ao sol e do teu noturno recolhimento. Bom fazer a peregrinação de tuas igrejas: a Matriz de Antônio Dias, as Mercês de Baixo e de Cima, a da Senhora dos Pretos, a de São José, a de São Francisco de Paula – cheias de coisas belas: púlpitos, altares, paramentos, imagens, balaustradas, azulejos, claustros, cômodas e armários de jacarandá. Bom ver tuas capelas, tuas fontes, teus sobradões senhoriais de cujas sacadas pendem, nas festas religiosas, belos chalés a compor a figura goyesca de severas matronas. Bom sentir tua ardente circunspecção noturna, traída por vultos de namorados unidos no escuro das vielas e cantos transeuntes de estudantes melancolizados. Bom sair à toa respirando o ar gelado, com o sentimento da saúde do corpo perturbado pela boemia do espírito. Bom parar a cada ladeira para adorar cada pequeno detalhe, uma grade, um ferrolho, um postigo, um corrimão, um lance de escada, um velho telhado, uma pátina louca num muro branco dessas que fariam o fotógrafo Cartier-Bresson viajar continentes.Bom sentir a presença de teus vultos, a ilustrar com seus nomes a imagem de ruas, casas, pontes, logradouros, fontes: Tiradentes, Marília, o Aleijadinho... Sim, na cidade colonial que dorme, dormem eles, na unidade de suas cinzas e seus ossos, na grande paz mortuária que envolve Vila Rica e fez Carlos Drummond dizer: Sobre o tempo, sobre a taipa, a chuva escorre. As paredes que viram morrer os homens ……………… já não vêem. Também morrem."
05.1953
Estamos em outros tempos, mais amenos. Agosto de 1938: justo um ano antes da Guerra. O ar é tão frio que forma estalactites nas paredes do pulmão e tão fino que um piparote pode fragmentá-lo como ao cristal mais puro. Três amigos sobem a rua São José, que a municipalidade de Ouro Preto chama Tiradentes. Sua missão é a um tempo digna e divertida: debulhar os arquivos da Igreja de São Francisco de Assis, à cata de recibos comprovantes de umas tantas obras atribuídas a Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho. Mas não nessa noite, paralisada num lugar alto e lúcido. Não nessa noite estimulada pelo frio da serra em torno. Não nesa noite povoada de meninas transeuntes e sons de serenatas longínquas. Nessa noite, tudo o que os três amigos querem é beber umas cachaças e confraternizar com uns cachaceiros. Vão à vida, no vigor de menos 15 anos, boêmios mas sem traição no coração para com as amadas distantes. São eles o escritor Rodrigo M.F. de Andrade, o arquiteto José Reis e um poeta com o meu nome, que ainda não praticava a arte da prosa.Nossos passos batem sonoros no peito liso dos "pés-de-moleque" do calçamento, os seixos rolados provavelmente subtraídos ao velho Ribeirão, e acordam à passagem fulgurações contidas no olhar das menininhas. Nossa pinta geral denuncia procedência carioca, embora Rodrigo, seja mineiro de quatro costados. Há um brotinho de uns 13 anos, a coisa mais meiga que estes olhos jamais viram, que cada vez que cruzamos, meneia as pesadas tranças pretas e abre a biquinha de mel dos olhos para mim. A uma curva da rua perdemos José Reis no visgo de uns outros olhos mais maduros, mas não menos lindos. Rodrigo ri a sua inaudível risada adunca e me anuncia com a ligeira dispnéia que parece tomá-lo sempre que diz algo de fundamental.– Querido... que coisa esplêndida!Eu olho o casario a céu aberto, a Casa dos Contos, a ponte que mira longe, as fachadas das casas da mesma rua lá adiante na curva fechada que ela faz... – tudo tão calmo, tão adormecido de luar, apesar do vaivém das menininhas, na verdade mais vem do que vai...E aí está ela de novo, olha que gracinha, as tranças pretas pousadas sobre os ombros infantis, a me pedir que fale com ela, mas ela é tão criança! escuta meu anjo, posso conversar só um tiquinho com você, posso, como é seu nome?– Marília? Não é possível!Vou consultar Rodrigo. Assim é de deixar o sujeito sem graça. Parece coisa preparada, mau teatro...Há acordes de violão lá para os lados da rua Direita. Pedimos aos seresteiros que nos toquem Saudades de Ouro Preto. La-la lariii... la-la-riii. La-ri... la-la-la-la-rii... la-la-ri-rão...Marília olha grave, extremamente consciente do seu papel de primeira anfitriã e namorada do rapaz do Rio. Mais tarde, partidos os seresteiros, Marília dá-me a mão e deixa-a assim pousada por um momento no adeus breve. Ela entreabre o biquinho para me pipilar boanoite e seu papinho bate um pouco mais agitado: – Boa noite, Marília...*O encontro com os boêmios dá-se no Hotel Toffolo, para a ceia de despedida. Terminado é o trabalho de pesquisa. Tardes laboriosas, a verificar papel por papel nas imensas gavetas das enormes cômodas de jacarandá da sacristia de São Francisco. Também, não haverá mais dúvida sobre a identidade de uns poucos trabalhos do grande escultor, feitos na mais linda das igrejas mineiras – e eu vos peço perdão, ó igrejinha de Nossa Senhora do Ó, de Sabará.Formou-se uma amizade entre o grupo do Rio e a turma local. O mineiro Rodrigo, a cavaleiro da investidura de chefe do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sente-se bem nessa confusão de Rio e Minas. Zé Badu, figura insigne de violeiro, cantador e contador de velórios (..."e aí então, pelas quatro da madrugada, quando o defunto tava já frio e as garrafas bem vazias, nós trunfemo a viúva") é nossa companhia mais constante. Com ele aprendemos a traçar pinga com cerveja ("... a gente nem sente, uma vai escorregando na outra, sabe como é..."). Vez por outra, ele faz uma piada com o Rio para cutucar este carioca. Este carioca retruca, mas é tudo à base da camaradagem espontânea e sincera. Há bons antecedentes para essa amizade: a famosa peregrinação feita por Afonso Arinos de Mello Franco (o sobrinho, historiador e atual deputado) e o "poesculápio" Pedro Nava, hoje profissional da maior austeridade, de que resultou o delicioso Roteiro lírico de Ouro Preto, escrito pelo primeiro com ilustrações do segundo.Nos fundos do Café, uma impressionante mesa nos aguarda, coberta de coisas pantagruélícas. Há um enorme leitão, na meditativa atitude dos leitões assados. Há incontáveis garrafas. Há os então jovens Carlos Flexa Ribeiro e Wladimir Alves de Sousa, recém-chegados e aderentes. Há o violão de Zé Badu, e o cantador não desgruda dele, misturando acordes com garrafadas e canções. O ambiente é da maior "altitude". Dentro em breve, temperado o pinho, Zé Badu me anuncia que vai tirar uma quadrinha para mim. E tira mesmo. Mexendo comigo por eu ser carioca.Eu nunca havia participado de um desafio, mas a "pressão" e a quantidade de comensais expectantes me estimulou. Saquei uma quadrinha de volta, bolindo com Minas. A turma começou a animar, nos espicaçando. E assim fomos, entre quadrinhas e goladas, num crescendo de ofensas que, de regionais, passaram a familiais. A mãe comercial de todos serviu profundamente de rima ao país natal. Talvez por um pouquinho mais sóbrio, eu comecei a levar a melhor sobre Zé Badu: e ele que me perdoe dizer isso, pois não há de minha parte a menor veleidade de me comparar a ele na arte do improviso. Foi questão de hora. O que eu sei é que ele no final embatucou, e eu ainda descarreguei-lhe em cima umas três quadrinhas em seguida, como golpe de misericórdia – o coitado sem se poder libertar do nó poético em que se embaraçara.Aí ele parou de tocar e abaixou a cabeça, evidentemente ferido. Depois nos olhou, a Rodrigo e a mim, por um momento, como a considerar algo da maior importância. Feito o que, sacou de um revólver e descarregou toda a sua carga para o ar, sacudindo o braço em tiros de raiva. Pânico não houve. Mas a festa teminou ali.Na rua, já acalmado, Zé Badu me explicou que só não me atirara em cima porque eu era do peito.*Agora te revejo, Ouro Preto, 15 anos e dez quilos depois. Não mudaste. De novo, tens o hotel que te legou Oscar Niemeyer, bem integrado na paisagem colonial, em suas cores de azul, branco e chocolate – musical em sua rampa fugada e seus pilotis a repetir a mesma nota na pauta arquitetônica. Impuseram-te umas poucas construções velhacas no estilo chamado neocolonial.Um horror. Mas lá está a tua Igreja de São Francisco, risco do Aleijadinho, com os dois lindos medalhões no frontão da porta principal, obra também do genial mulato e no interior o adorável painel do teto de Manuel da Costa Ataíde, em seus delicados azuis e rosas que acabam por deixar um torcicolo no visitante. Isso que Carlos Drummond de Andrade chamou, numa maravilhosa articulação poética de vogais, "a rósea nave triunfal"."Uma cidade que não mudou", disse dela o poeta Manuel Bandeira, que não contente de estudar-lhe a história, na narrativa que abre seu mais soboroso livro de prosa, as Crônicas da província do Brasil, dedicou-lhe todo um precioso guia (hoje um "item" de bibliófilo com excelente versão francesa de Michel Simon).Bom te passear, Ouro Preto. Bom te usufruir, como o fizeram Afonso Arinos e Pedro Nava, à base da disponibilidade, recolhendo a secreta poesia que se desprende do teu desenho ao sol e do teu noturno recolhimento. Bom fazer a peregrinação de tuas igrejas: a Matriz de Antônio Dias, as Mercês de Baixo e de Cima, a da Senhora dos Pretos, a de São José, a de São Francisco de Paula – cheias de coisas belas: púlpitos, altares, paramentos, imagens, balaustradas, azulejos, claustros, cômodas e armários de jacarandá. Bom ver tuas capelas, tuas fontes, teus sobradões senhoriais de cujas sacadas pendem, nas festas religiosas, belos chalés a compor a figura goyesca de severas matronas. Bom sentir tua ardente circunspecção noturna, traída por vultos de namorados unidos no escuro das vielas e cantos transeuntes de estudantes melancolizados. Bom sair à toa respirando o ar gelado, com o sentimento da saúde do corpo perturbado pela boemia do espírito. Bom parar a cada ladeira para adorar cada pequeno detalhe, uma grade, um ferrolho, um postigo, um corrimão, um lance de escada, um velho telhado, uma pátina louca num muro branco dessas que fariam o fotógrafo Cartier-Bresson viajar continentes.Bom sentir a presença de teus vultos, a ilustrar com seus nomes a imagem de ruas, casas, pontes, logradouros, fontes: Tiradentes, Marília, o Aleijadinho... Sim, na cidade colonial que dorme, dormem eles, na unidade de suas cinzas e seus ossos, na grande paz mortuária que envolve Vila Rica e fez Carlos Drummond dizer: Sobre o tempo, sobre a taipa, a chuva escorre. As paredes que viram morrer os homens ……………… já não vêem. Também morrem."
05.1953
Um comentário:
Tenho vontade de conhecer Ouro Preto... em breve, sempre! Cadê as fotos do Caribe? Coloca aqui pra gente babar, rsrsrs!\Bjuuuuuu
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